Publicado em:segunda-feira, 22 de setembro de 2014
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Festa do Ceveiro celebra tradição e evolução dos índios Krikatí

Vinte e uma crianças ficaram presas, por três meses, para se tornarem adultas.

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Ceveiro é uma oca móvel onde se isola crianças por dois ou três meses, variando de organizador, com o objetivo de que ela engorde e se torne uma pessoa adulta. É através dessa crença, que a Festa do Ceveiro marcou a evolução e a tradição cultural de 21 índios Krikatí da aldeia São José, localizada no município de Montes Altos.
Durante três dias (17, 18 e 19 de setembro), a aldeia cantou e dançou ao redor da fogueira, realizou pinturas e encerrou a programação com a esperada corrida de tora. Outras comunidades próximas, também, participaram da brincadeira.
A aldeia São José tem cerca de 1.080 índios, de acordo com o Cacique André Jôhy Krikatí. Eles são divididos em grupos desde o nascimento, que chamam de partidos, e desenvolvem pinturas próprias. Cada partido é intitulado por nomes de algum animal de caça ou peça da natureza, segundo o chefe da aldeia.

A aldeia São José tem cerca de 1.080 índios e está localizada no município de Montes Altos. (Foto: Jefferson Sousa/ Imirante Imperatriz)

Durante o tempo de reclusão das crianças, um representante de cada grupo fica responsável por guiar e oferecer assistência, impedindo, também, que os pequenos indígenas tenham contato com o lado de fora da oca, evitando, assim, o mau olhado, como reza a crença.
“Esses que foram presos é para se formarem, para ficarem fortes e correrem. É uma tradição nossa, passada pelo nosso avô, bisavô, não podemos esquecer. Eles ficam cinco dias sem banhar e só podem ver outras pessoas na hora que soltar, pra não ficar magro”, explica o sexagenário Severino Krikatí, completando que a idade para participar do ritual varia de acordo com os pais.
Preparo
Apesar da mudança visível em alguns costumes dos índios, a festa é bastante tradicional. Na roda principal, apenas homens participam. As mulheres ficam responsáveis por montar um cardápio e oferecer à aldeia antes da corrida.

O ritual continua seguindo as raízes. Os homens preparam as crianças para a corrida e as mulheres ficam responsáveis pela comida oferecida. (Foto: Jefferson Sousa/ Imirante Imperatriz)

Na casa onde funciona uma iniciativa de rádio comunitária, eles fazem pequenas chamadas na língua nativa, por meio de um microfone e um som, capaz de informar toda a aldeia sobre o que acontece.
Em cima de um ramo de folhas, segurando uma vara de cerca de 1m, extraída da natureza, e de cabeça baixa, em demonstração de respeito, o pequeno Edson Krikatí, de 10 anos, do partido dos Cachorros, caminhou cerca de 3 km com o seu grupo, do Ceveiro até perto da aldeia Recanto, onde preparou os últimos detalhes para a corrida.
“Estou preparado”, afirmou o tímido Edson Krikatí, que não obteve um bom resultado, mas que se orgulha de se tornar adulto.

O pequeno Edson Krikatí não obteve um bom resultado na corrida, mas se orgulha de se tornar adulto. (Foto: Jefferson Sousa/ Imirante Imperatriz)

A corrida começa e uma forte chuva acompanha o ritual dos índios. Eles revezam o tronco de pouco mais de 1m e meio, pesando entre 10 e 15 kg e ajudam como podem: levam nas costas e gritam, dando força aos parceiros que carregam os troncos. O primeiro lugar ganha o reconhecimento da aldeia.

O tronco pesa cerca de 15 kg. O partido ajuda na hora de começar a corrida. (Foto: Jefferson Sousa/ Imirante Imperatriz)

Após a corrida, e já intitulados homens e mulheres adultas, as crianças concluíram o ritual com dança e canto, levados pelos mais velhos das aldeias.
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