Publicado em:domingo, 22 de novembro de 2015
Postado por Unknown
'Fiquei com medo de morrer', diz vítima de abordagem da PM no MA
Vítima diz que ela e colegas, um deles baleado, não puderam se defender. PM alega que policiais só atiraram depois de serem recebidos por tiros.
Por G1 MA
A estudante universitária Beatriz Novaes, de 18 anos, que estava em um carro que capotou na rodovia MA-201 (Estrada de Ribamar) após ser atingido por vários disparos efetuados pela Polícia Militar, na noite de quarta-feira (18), negou que ela e os amigos de faculdade, André Costa e Roberto Allan Fajardo (cabo da PM), baleado nas pernas durante ação, estivessem armados e tivessem atirado contra os policiais do Grupo de Serviço Avançado (GSA).
Segundo Beatriz, cerca de uma hora depois, os policiais do GSA confirmaram a identidade de Fajardo e o encaminharam para o Hospital do Servidor, na Cidade Operária. Os dois estudantes foram conduzidos para o Hospital Municipal Clementino Moura (Socorrão 2) e de lá levados para a delegacia da Cidade Operária para prestar esclarecimentos.
“Eles alegaram que só atiraram porque nós disparamos primeiro, o que não é verdade. No carro em que estávamos não tinha nenhuma arma de fogo, pois a arma do policial (Roberto Fajardo) estava em Viana, onde trabalha nos fins de semana. Apenas o coldre estava dentro do carro”, afirmou Beatriz ao G1.
O estado de saúde do cabo Fajardo não foi divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES). Ele continua internado no Hospital do Servidor.
Perseguição
A estudante disse que estavam voltando da faculdade, quando perceberam que estavam sendo seguidos por um carro preto. O veículo possuía vidros fumês e não possuía qualquer tipo de identificação, segundo relatou a estudante.
“Quando o carro veio em alta velocidade para alcançar o nosso carro, por instinto, seguimos em direção da Avenida 1 (Maiobão), pois até então imaginávamos que fossem bandidos e em momento algum houve identificação por parte dos policiais. Eles (PMs) atiraram e no decorrer do caminho o desespero tomou conta. Todos estavam deitados no assoalho do carro”, disse.
A intenção dos estudantes era chegar até a Estrada de Ribamar, onde costuma ter viaturas da Polícia Rodoviária Militar. Como não encontraram qualquer socorro, aceleraram em direção ao bairro Forquilha até que um dos tiros acertou o pneu do veículo, que capotou.
Medo e desespero
Após o capotamento, o veículo preto parou e de lá desceram quatro homens e se aproximaram do carro onde os estudantes estavam. Para Beatriz aqueles seriam seus últimos momentos.
“O desespero tomou conta quando vi o carro capotar logo após os tiros. Fiquei com muito medo de morrer, principalmente quando eles gritaram me mandando sair (do carro) se não iam atirar. Foi a situação mais difícil que eu passei na vida”, afirmou.
Fajardo (cabo da PM) saiu do veículo pela janela da frente e ao perceber que se tratava de policiais cruzou as mãos atrás da cabeça e se identificou como policial, mas mesmo assim os homens do GSA (serviço velado da PM) teriam atirado, segundo relatou Beatriz.
“Atiraram nas duas pernas dele a queima roupa. Fajardo caiu e começou a implorar pela vida dele, dizendo que não havíamos feito nada, e gritando de dor. André saiu se rendendo e eu fiquei por último, pois estava no banco traseiro. Depois eles ficaram apontando arma para gente, nos ofenderam, enquanto estávamos deitados em meio a destroços”, explicou.
Versão da PM
Em nota enviada ao G1 na quinta-feira (19), a PM disse que a equipe do Serviço de Inteligência deu ordem de parada o que teria sido desobedecido pelos ocupantes. Afirmou ainda que desconhece a informação de que os policiais militares tenham efetuado disparos a queima roupa nos ocupantes do veículo e que os tiros efetuados foram para forçar a parada do carro.
Na ocasião, o comandante da Companhia de Policiamento Metropolitano (CPM2) da PM, coronel Vieira Aquino, disse que o cabo não atendeu a ordem de parada feita e ainda teria efetuado disparos, o que ocasionou a reação dos policiais e o capotamento do veículo onde estavam o cabo Roberto Allan e os estudantes André e Beatriz.
Sem resposta
O G1 entrou em contato, por e-mail, com o governo do Maranhão para saber se haverá a apuração da conduta dos policiais do GSA; se foi confirmado que o cabo Faljardo efetuou disparos contra a guarnição; se houve perícia técnica no local; e se os policiais envolvidos no caso foram afastados.
Os questionamentos foram feitos na noite de sexta-feira (20), mas até a publicação desta matéria não obtivemos retorno.
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