Publicado em:sexta-feira, 6 de março de 2015
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Com salários atrasados, presidente do Moto defende paralisação do time

Roberto Fernandes aponta situação financeira insustentável, falta de patrocínios e públicos pequenos como os principais fatores para afastamento do Rubro-Negro


Presidente do Moto Club, Roberto Fernandes (Foto: Afonso Diniz/Globoesporte.com)Roberto Fernandes defende nova paralisação do Moto (Foto: Afonso Diniz)
Com dois meses de salários atrasados, o presidente do Moto, Roberto Fernandes, defende a paralisação do time. Sem patrocinadores e fonte de renda, além das receitas dos jogos na Copa do Nordeste e no Maranhense, o dirigente não vê uma saída a curto prazo para o Rubro-Negro.

- O que vou defender na próxima reunião é que o Moto pare. O Moto não tem mais condição de continuar. Com essas rendas que estão sendo registradas não é possível continuar. Não podemos continuar fazendo promessa de pagamento e sem ter expectativa para honrar os compromissos. Depois você é visto como mais um caloteiro - disse Roberto Fernandes.

Roberto estava afastado da diretoria do time por causa de problemas de saúde, mas na próxima semana retomaria o cargo. A reunião com a diretoria do Rubro-Negro será realizada na terça-feira, quando os dirigentes tentarão encontrar uma saída para quitar os débitos do início de 2015.

Além dos salários, o Moto correu o risco de aumentar a dívida acumulada em R$ 180 mil por causa da disputa da Copa do Nordeste. Antes da CBF anunciar que arcaria com as despesas dos jogos do Rubro-Negro maranhense, o time seria obrigado a custear toda a logística para os jogos fora de casa e também a estadia dos adversários na capital maranhense.

A ausência da torcida nos estádios também é um dos pontos de reclamação do dirigente. O maior público do Rubro-Negro na temporada foi registrado na segunda rodada da Copa do Nordeste, com 2.722 torcedores pagantes para o confronto contra o Náutico. Em 2015, ainda sem considerar o público da última partida contra o Salgueiro, a média de público do time é de 1.570 torcedores. Nos cinco jogos realizados no Castelão, o time conseguiu arrecadar apenas R$ 24.625,46.

Moto x Boa Esporte (Foto: Zeca Soares)Jogo contra o Boa Esporte, pela Copa do Brasil registrou o segundo maior público do Moto (Foto: Zeca Soares)

- Infelizmente a nossa torcida não tem comparecido como se esperava, até na Copa do Nordeste. O Moto há pouco tempo não tinha nada. Hoje participa da Copa do Nordeste, da copa do Brasil, vai brigar pela vaga no Campeonato Brasileiro e atravessa uma dificuldade sem tamanho. A renda, do jogo contra o Salgueiro, deu em torno de R$ 25 mil. Não dá para fazer futebol com isso. O Moto está caminhando para o seu terceiro mês de salário atrasado. Não dá para fazer futebol no Maranhão. Não se promove como deve e fazer como é aqui, nunca vamos ter patrocinador. Uma empresa veio conversar aqui, captadora de recursos, passou duas semanas no Maranhão e mudou para a cultura. As empresas alegam que não podem trazer um grande patrocinador porque se fala mal do futebol local.
Públicos do Moto em 2015               Moto x Náutico - 2.722                 Moto x Boa Esporte - 1.676           Moto x Cordino - 1.515                 Moto x Imperatriz - 1.343            Moto x Expressinho - 597
Roberto ainda defende que o clube suspendesse as atividades durante o Campeonato Maranhense, a partir desta rodada, quando a equipe enfrenta o Santa Quitéria, fora de casa.

- Por mim nem viajaria para Santa Quitéria. Esses jogadores que estão aqui, merecem respeito. Continuar como está é aumentar a agonia e o endividamento do clube.

Apesar disso, o Moto segue treinando normalmente e embarcará para Santa Quitéria. Na última quinta-feira, o jogo chegou a ser adiado após um pedido dos dirigentes da Raposa da Baixada, mas a FMF, alegando a falta da documentação oficial, cancelou a alteração e manteve a partida para este domingo.

SEGUNDA PARALISAÇÃO EM SEIS ANOS
Um dos mais tradicionais clubes do Maranhão e detentor de 24 títulos estaduais, o Moto enfrenta uma grave crise financeira desde o fim da década de 2000. A situação ficou ainda mais complicada após o inédito rebaixamento estadual em 2009, ano em que o clube chegou a fechar as portas por três meses, por causa das dívidas acumuladas.

Em 2010, o Papão conquistou o acesso no Maranhense, mas voltou a ser rebaixado em 2012. Roberto Fernandes foi eleito em janeiro de 2013 e com a promessa de resgatar o clube no cenário Estadual e levar de volta para as competições nacionais.

Com o dirigente no comando, o Moto voltou a conquistar o acesso no Maranhense e foi vice-campeão maranhense em 2014. Nas competições nacionais, também em 2014, o clube chegou até às quartas de final da Série D e, em 2015, ainda sonha com a classificação para a segunda fase da Copa do Nordeste e empatou com o Boa, no primeiro jogo da Copa do Brasil.

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