Publicado em:domingo, 5 de outubro de 2014
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Os desafios enfrentados no trânsito

Segundo o Detran/MA, em 2013, 360 deficientes físicos tiraram sua CNH.

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A rotina de um cadeirante não é fácil. Todos os dias, são enfrentados diversos problemas, como a falta de rampas, ônibus não adaptados, estabelecimentos com acessibilidade precária e, o pior de tudo, o preconceito. Para os cadeirantes que dirigem, as dificuldades são maiores. Além do alto preço da habilitação cobrada pelas autoescolas, nem todos os deficientes possuem condições para adaptar um veículo. O Imirante.com conversou com dois cadeirantes, que relataram um pouco sobre como é a vida de um motorista portador de deficiência.
Superação

Foto: Ana Beatriz / Imirante.com

André Bianco, de 36 anos, é cadeirante há 17. O consultor de vendas sofreu um assalto e foi baleado. O tiro atingiu o peito esquerdo e desceu para a coluna, lesionando a medula e paralisando suas pernas, causando paraplegia traumática. Após quatro meses de reabilitação, retomou a rotina do melhor jeito que pôde.
André relembra que, na época, ele não tinha carro e ficava, em média, duas horas esperando o único ônibus adaptado. “Hoje, já vemos, em nossa cidade, transporte público com elevador, mas, ainda, falta muito para a acessibilidade chegar a todos os coletivos. Demorei dez anos para tirar minha habilitação, mas sempre dirigi. Coincidentemente, sofri o assalto uma semana antes de iniciar meu processo na autoescola. Hoje em dia, é complicado, imagina há 10 anos. Tive que usar um carro particular para realizar minha avaliação”, disse.


O cadeirante conta que um dos grandes problemas é a falta do bom senso, da cultura de respeito aos deficientes. “Já parei atrás de uma van, que estava estacionada na vaga para cadeirante. Pedi ao motorista para que retirasse o veículo, e ele me tratou mal, dizendo que não iria sair do lugar. Tive que ameaçá-lo, dizendo que iria denunciá-lo à policia para, então, ter acesso à vaga. Em outra situação, o cidadão pediu para ver minha deficiência”, contou.


Cadeirante pioneiro em adaptação de automóveis

Foto: Ana Beatriz / Imirante.com

Outro caso é o do perito criminal, Araney Rabelo, que teve paralisia infantil, mas isso não o impediu de dirigir. Ele conta que em 1995, ano em que decidiu tirar sua habilitação, não havia carros adaptados. Por meio de movimentos que envolviam cadeirantes, viajou para os Estados Unidos, onde aprendeu os métodos de adaptação, trazendo o serviço pra São Luís.
Araney ressalta que teve muitas dificuldades para realizar sua prova no Detran, pois, na época, não era comum cadeirante dirigir. “No dia, o médico que acompanhava a prova estava de férias, impossibilitando a realização do exame. Durante três meses, passei por diversos departamentos, procurei o diretor e exigi uma solução. Foi quando providenciaram um médico e, enfim, pude realizar a prova prática”, contou.
Segundo ele, um dos grandes problemas é a falta de informação dos órgãos responsáveis pela emissão de habilitação para deficientes. “Outros problemas são os serviços prestados pelas autoescolas. Os instrutores não têm paciência. Não entendo por que eles fazem isso, já que se disponibilizaram a oferecer o serviço. Há, também, a cobrança de um preço abusivo para cadeirantes, pois a adaptação do veículo é simples e não custa caro”.
Centro de Formação para deficientes
Dados do Departamento Estadual de Trânsito do Maranhão (Detran/MA) mostram que, em 2013, 360 deficientes físicos em São Luís tiraram a Carteira Nacional de Habilitação (CNH). Segundo a lei, os Centros de Formação de Condutores devem adaptar 10% (dez por cento) de sua frota para o aprendizado de pessoas portadoras de deficiência física. Porém, o número de Centros de Formação na cidade é reduzido.
Segundo a coordenadora de Habilitação do Detran-MA, Nazaré Nunes, o órgão tem registrados três CFCs com veículos adaptados para cadeirantes, dois na capital e um em Imperatriz. Ainda segundo Nazaré, apesar do número reduzido de CFCs, se o cadeirante já possuir veículo adaptado, ele pode requerer no Detran-MA a liberação para fazer aulas e exames conduzindo o próprio veículo e, assim, poder fazer todas as aulas e dar entrada no processo para tirar a habilitação em qualquer Centro de Formação de Condutores.
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